Por Michele Bertoletti Rosso
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28 mai., 2020
Olá pessoal! Sou a Michele Bertoletti Rosso e sou a enóloga da Vinícola Sanber. Começo hoje este blog onde trataremos de diversos assuntos relacionados a enologia e ao mundo dos vinhos em geral. Um tema que além de ser profissão é, antes de tudo, paixão. Com 9 anos conheci pela primeira vez um Enólogo e de cara fiquei encantada com aquele homem tão sábio que contou a história do vinho desde a parreira só de tê-lo na taça. Pensei que queria ser como ele e aqui estou! Cursei enologia em Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul, fazendo o caminho reverso dos meus bisavós. De lá eles trouxeram a tradição em produzir vinhos e essa mesma paixão, me levou de volta a serra gaúcha para buscar uma ciência ainda um pouco desconhecida por muitos. Para as pessoas que não trabalham com o mundo do vinho, quando digo que sou enóloga me perguntam se é parte da medicina (o que não seria de todo uma mentira) ou falam que a minha é a profissão mais fácil do mundo: que sou paga para beber em serviço. Na verdade, a enologia é muito estimulante, mas não é assim tão romântica e simples como muitos pensam. Enologia é o estudo do vinho em todos os seus aspectos. Ela estuda e acompanha todo o processo de produção, desde a plantação do parreiral até o vinho na taça aí na sua casa; passando pela vinifi c ação, controle de qualidade e comercialização. Na parreira, definimos, junto com o agrônomo e o viticultor, os tipos de solo, o sistema de condução, a escolha das mudas e o manejo da videira até a colheita da uva. Já na vinícola, controlamos a qualidade do vinho, controlamos a fermentação, acompanhamos a estabilização dos vinhos e decidimos o momento de engarrafar. Depois ajudamos a colocar no mercado com a melhor embalagem e exposição, melhor maneira de servir e ajudamos as pessoas a escolherem o melhor vinho para degustar. Claro que nesse processo fazemos a degustação do vinho para acompanhar sua evolução, mas não engolimos o vinho degustado em serviço, o prazer da degustação fica para o final do dia. Até 2007, o Enólogo era formado em um curso técnico. Atualmente, é necessário ingressar em um curso superior para receber o título. Os desafios hoje em dia desse profissional passam por fazer um vinho cada vez melhor, mesmo sem conseguir controlar as condições climáticas que interferem na qualidade da uva; além de produzir vinhos na maneira mais natural possível para que o vinho exiba sua essência, a sua origem e o trabalho dos profissionais envolvidos em sua profissão. Mas aí nos deparamos com outra dúvida: Enólogo, enófilo e sommelier são a mesma coisa? Na verdade não, mas se complementam. O sommelier é o cara que faz um curso técnico e nos ajuda com a venda e o serviço dos vinhos. Ele está presente nos restaurantes, nos supermercados, nas lojas de vinhos... Enfim, é o responsável pela escolha e pela compra dos vinhos, dá sugestões de consumo e recomenda o vinho aos clientes. O enólogo está hablitado para fazer esse trabalho também, mas geralmente, é o sommelier que assume a garrafa depois de pronta. Por outro lado, para ser enófilo, não precisa de curso. Você que está lendo esse texto agora e buscando novas informações sobre a bebida dos deuses pode ser considerado um enófilo! Porquê? Simples! Enófilo é a pessoa que gosta muito de vinho, nunca fez curso técnico ou superior relacionado, mas que está sempre buscando uma nova informação ou notícia do mundo dos vinhos. E o mais importante: toma vinho periodicamente. Agora você, caro leitor, já foi promovido a enófilo e conhece um pouco mais sobre o universo dos vinhos. Aguardo você semana que vem para mais uma conversa sobre essa bebida tão tradicional. Enoabraços! Por Michele B. Rosso Enóloga.